Segunda-feira, 13 de Dezembro de 2004
Em Portugal existem dois tipos de formação militar. A que é dada ás Forças Especiais e a que é dada aos outros. Como voluntário especialista tive uma formação militar normal onde foi explicado o essencial: Ao retirar a cavilha de uma granada convém lançá-la para longe; Como desencravar a G3 sempre que se dispara um tiro, etc.
Sempre que vejo o filme "Academia de Policia" lembro-me com saudades desses tempos.
Houve um dia que um militar ligou para o Centro de Comando a perguntar se podia matar um mocho que tinha voado para cima da torre; outro, que estava a fumar incendiou o mato em redor e teve que ser ajudado pelos bombeiros e há ainda a célebre história do militar que abandonou o seu posto porque estava com medo dos trovões.
Um ano depois entraram as mulheres para a tropa e foi o caos. Uma imagem que nunca vou esquecer é aquela em que uma rapariga estava a rastejar por baixo de um arame farpado, no meio da lama, e de repente pára a meio com um ataque de riso. O ridículo desta situação nem foi o ataque de riso, porque isso é comum acontecer quando se está deitado na lama gelada e com as costas arranhadas pelo arame-farpado. O ridículo foi ver o instrutor a pedir quase por favor para que ela continuasse.
Felizmente, mais tarde, fui colocado numa base de Pára-Quedistas e voltei a ganhar confiança nas nossas Forças Armadas.