A greve dos argumentistas americanos já dura há dois meses e ainda não há uma solução para as suas exigências. Eles pretendem, e muito justamente, receber uma percentagem pelos seus trabalhos que são vendidos em dvd ou através da Internet.
Os efeitos da greve ainda não são muito visíveis porque os episódios que passam agora na TV já estão gravados há algum tempo. O problema vai ser no início do ano, pois as gravações têm estado paradas e os episódios de reserva estão a acabar. Diz-se mesmo que a CBS e a NBC vão investir em "reality shows" para minimizar os estragos, pois esse tipo de programa é barato e dá audiências. No fundo, vão portugalizar as audiências.
Quem tem tido problemas são os programas de Jay Leno e Conan O´Brien, que estão parados. Estes programas dependem de muito material que é escrito acerca de acontecimentos diários.
Esta greve não deverá afectar o cinema. As informações dos estúdios indicam que, até 2009, o programa de gravações já está completo.
Ao contrário do que se passa por cá, em alturas de greve, os argumentistas têm estado na rua, em frente aos estúdios, com piquetes formados. Vários actores costumam juntar-se a eles sempre que podem para mostrar o seu apoio.
No entanto, li no DN que os argumentistas portugueses resolveram mostrar o seu apoio de uma forma clara e que sensibilizou os americanos. O que fez a APAD?
"todos os seus associados e amigos, e os guionistas portugueses em geral a pousarem as canetas e fecharem os processos de texto entre as 12.00 e as 13.00". "Vamos aproveitar essa hora de reflexão para deixar mensagens de apoio e solidariedade nos sites da Writers Guild of America e no site oficial da greve"
E o que fizeram eles nessa hora em que pousaram as canetas e desligaram os editores de texto? O mais certo foi terem ido almoçar uma hora mais cedo e nesse dia foi uma festa porque tiveram duas horas de almoço.
Mas o mais interessante é o que a APAD diz de seguida e mostra a esperteza dos portugueses:
"esta batalha abre caminho para que, num futuro próximo, os argumentistas portugueses de televisão e cinema possam ver reconhecidos os seus direitos, e justamente recompensadas as suas contribuições, enquanto autores primeiros das obras audiovisuais".
Portanto, os americanos é que estão a dar a cara e o corpo numa greve que dura há dois meses e os portugueses já estão a pensar que "sim, senhor, já demos o nosso contributo para esta luta, saímos uma hora mais cedo para ir almoçar no outro dia, agora também queremos os mesmos direitos".
Por seu lado, os argumentistas americanos estão bastante impressionados com a atitude portuguesa e têm inveja por não serem como nós, que sacrificamos uma hora de trabalho por uma causa.
Um dos argumentistas da série "Prison Break" chegou mesmo a dizer numa entrevista, emocionado: "O apoio dos portugueses foi uma inspiração. Quando precisarem vou pousar a minha caneta por eles."
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