
Depois de acabar o curso na BA2 (Ota) fui colocado na BETP, numa altura em que os Pára-Quedistas ainda estavam ligados à Força Aérea. Isto foi nos anos de 1991-1993. Este foi, sem dúvida, o melhor tempo que passei nas forças armadas.
Apesar de não ser pára-quedista integrei-me rápidamente neste ambiente. Estamos a falar de uma base militar em que a disciplina e o rigor eram levados ao extremo. Para tomar o pequeno-almoço, almoço ou jantar tínhamos que formar em frente das camaratas e depois ir a marchar até à messe. Fizesse chuva ou sol.
Os páras são diferentes dos outros porque existe bastante disciplina e respeito. Desde o comandante da base ao soldado, o tratamento era igual para todos. Foi um ambiente que, em 9 anos de tropa, só vi aqui.
Quando chegava a sexta-feira e era a altura de sair para ir passar o fim de semana a casa tinhamos que colocar-nos em sentido em frente ao PQ que estava na porta de armas (na foto em cima) para ele verificar se estávamos devidamente fardados.

Á entrada da unidade encontra-se o Monumento às Tropas Pára-quedistas. No meu primeiro dia nesta Base disseram-me que quando entrasse ou saísse da unidade deveria passar em frente do monumento e prestar homenagem com uma continência "Aqueles em Quem Poder Não Teve a Morte". No meu último dia, parei em frente do monumento, pousei as minhas coisas e estive alguns minutos parado a pensar como tinha orgulho em ter estado naquela Base e ter tido a oportunidade de conhecer por dentro as nossas tropas pára-quedistas.

Ainda hoje tenho este crachá que usava na farda e que identificava a unidade.
Como Cabo Especialista de Informática, a minha função principal foi fazer recolha de dados do pessoal militar e ainda coube-me a mim iniciar o processo de Informatização da Base, com a instalação de computadores nos diversos departamentos e ainda dar Formação ao pessoal que iria operar com o equipamento.
A 1 de Janeiro de 1994, resultante da passagem do Corpo de Tropas Pára-quedistas para o Exército, a BETP deu origem à actual Escola de Tropas Aerotransportadas (ETAT).
Eu saí desta Base e fui directamente para o Estado Maior da Força Aérea em Alfragide. A primeira grande diferença é que usava um corte de cabelo mais curto do que os outros. Depois, descobri que os oficiais eram, na sua maioria, uma cambada de palhaços a brincar aos militares. Os pilotos eram os piores. A adaptação aqui foi mesmo muito difícil... lembro-me de ir com mais dois amigos, passar por um tenente (piloto) e fizemos continência. Ele estava a falar com uma rapariga, possivelmente a namorada. Chamou-nos, fez com que voltássemos para trás e fizéssemos novamente continência, pois não tinha visto. Depois de sair de um ambiente como o dos Pára-Quedistas isto custou bastante.